Franco, ligado ao secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, assumiu a CMB no lugar de Luiz Felipe Denucci, acusado de receber propinas e enviar o dinheiro para contas em paraísos fiscais.
Mesmo evitando falar da gestão do antecessor, o novo presidente disse que modificou o organograma da empresa de modo que um departamento tenha sempre suas iniciativas de compra checadas por pelo menos um outro. Além disso, foram criadas no fim do ano passado um corregedoria e uma ouvidoria.
Selo para bebidas
Embora imprimir dinheiro seja a principal função da CMB, nos últimos três anos cerca de metade do faturamento vem de outra fonte, o selo rastreável que é obrigatoriamente impresso no vasilhame de bebidas comercializadas no país para efeito de fiscalização pela Receita Federal. A CMB é a responsável pela aplicação do selo, subcontratando uma empresa, a multinacional suíça Sicpa, responsável pela instalação das máquinas de impressão do selo nas fábricas de bebidas.
De R$ 2,726 bilhões faturados pela CMB em 2012, R$ 1,391bilhão vieram do selo, sendo que 70% vão para a Sicpa (em 2009 eram 85%). Franco disse que está em andamento um “chamamento público” com o objetivo de encontrar outro fornecedor da tecnologia, de modo que haja concorrência na hora da renovação de contrato.
Franco disse que, embora atualmente o selo rastreável de bebidas seja a principal fonte de receita, a tendência é que, vencida a etapa de implementação da tecnologia nas fábricas, essa rubrica mantenha apenas o crescimento vegetativo que já aparece desde 2011, permitindo que a receita com a
produção de cédulas e moedas vá paulatinamente recuperando seu papel preponderante.
Na área de compra de insumos para a produção de cédulas (papel e tintas) e moedas (discos metálicos), Franco afirma que as concorrências realizadas no ano passado geraram redução de R$ 187,2 milhões em relação aos custos anteriormente praticados, mesmo cumprindo a legislação que estipula uma margem de preferência para a indústria doméstica.
Segundo informações do BC, nos últimos três anos (2010 a 2012) o meio circulante brasileiro cresceu 8% em quantidade de cédulas e 12,5% em valor financeiro. O banco informou ainda que “verifica-se uma tendência de elevação real do uso de numerário que está associada ao crescimento das transações em espécie”. Para valores até R$ 50, pesquisa feita pelo BC comparando 2007 a 2010 mostra que o uso de dinheiro chega a 78% das transações, refletindo o consumo mais elevado nessa faixa de valores - o que poderia ser mais um indicativo da melhoria da condições de vida das camadas “cuja renda vem crescendo”.
O BC informou ainda que, após girar em torno de 2% do PIB na década de 1990, o meio circulante brasileiro corresponde hoje a cerca de 4,5% do PIB, ainda menor do que o verificado nas economias mais desenvolvidas da Europa e América do Norte (cerca de 6% do PIB).