O Ducado (Florim) do Brasil.

Ducado (Florim) do Brasil. Acervo Itaú Numismática, São Paulo, Museu Herculano Pires. Via: CFNT.
Ducado (Florim) do Brasil. Acervo Itaú Numismática, São Paulo, Museu Herculano Pires. Via: CFNT.

Durante o período conhecido como Invasão ou Domínio Holandês (1630 – 1654), o Brasil viu seu nome impresso pela primeira vez em uma moeda: o Ducado do Brasil (popularmente chamado de Florim do Brasil). O fabrico da moeda pelos holandeses nos ajuda a contar um pouco dessa parte pouco conhecida da história do Brasil.

A criação da moeda atendeu à necessidade de mais unidades monetárias em circulação e foram cunhadas a pedido do Conde alemão João Maurício de Nassau-Siegen. Feitas de ouro e possuindo formato quadrado, três tipos de moedas foram criadas nos anos de 1645 e 1646 na cidade de Recife, então chamada de Mauritsstadt (Cidade Maurícia) e sede da Companhia Privilegiada das Índias Ocidentais no Brasil. Em larga medida, estas moedas serviram para a realização das transações comerciais envolvendo a exportação dos derivados de açúcar produzidos na região sob administração holandesa e outros produtos comercializados pela Companhia.
Diversos exemplares, incluindo ducados de prata, em exposição no Castelo de Brennand (Instituto Ricardo Brennand), em Recife, Pernambuco.
Diversos exemplares, incluindo ducados de prata, em exposição no Castelo de Brennand (Instituto Ricardo Brennand), em Recife, Pernambuco.
A moeda Ducado do Brasil (Florim do Brasil) tinha seu valor monetário medido em florins holandeses e possuía valor mais elevado que estes para que não deixassem o país, visto que se tratava de uma moeda obsidional (notgeld; temporária) e depois seria recolhida. Apesar de ter tido circulação restrita às então possessões holandesas na América do Sul, a moeda abrangeu grande parte do Brasil ainda dividido pelo Tratado de Tordesilhas.
Os holandeses também são os responsáveis pela cunhagem da primeira medalha com o mesmo termo datada de 1640 e pela emissão de ordens de pagamento e vales, ainda inéditos, que entraram no meio circulante da região. Somente em 1695, com exemplar cunhado na Bahia [então "capital"], teve inicio a circulação de moeda portuguesa com o termo BRASIL.” (SCHROEDER 2013, s/p, acréscimo nosso)
O tamanho reflete peso e valor comercial da moeda. Anverso: Número (III, VI ou XII) e GWC; inverso: ANNO/BRASILG/1645. Acervo Itaú Numismática, São Paulo, Museu Herculano Pires. Via: CFNT.
O tamanho reflete peso e valor comercial da moeda. Anverso: Número (III, VI ou XII) e GWC; inverso: ANNO/BRASILG/1645. Acervo Itaú Numismática, São Paulo, Museu Herculano Pires. Via: CFNT.
Suas três espécies foram (cada ducado corresponde a 3 florins):
I- 1 Ducado do Brasil: moeda de III florins do Brasil, peso teórico de 1,922 gramas;
II- 2 Ducados do Brasil: moeda de VI florins do Brasil, peso teórico de 3,845 gramas; e
III- 4 Ducados do Brasil: moeda de XII florins do Brasil, peso teórico de 7,690 gramas.
No lado principal da moeda: no alto, temos um dos indicadores de valor (III, VI, XII); e subscrito: o emblema GWC da Companhia Privilegiada das Índias Ocidentais: G (Geoctroyeerde), W (Westindische) e C (Compagnie).
No lado secundário da moeda: ANNO (“no ano de”); e BRASILG: “do Brasil”, que é composto por BRASIL + “losango” (G), que significa “iae”. Isto é, Brasiliae (do Brasil); por fim, 1645.
REFERÊNCIAS:
MELLO, José Antônio Gonsalves de. Tempo dos Flamengos: A influência da ocupação holandesa na vida e cultura do norte do Brasil. 4ª ed. Rio de Janeiro: Top Books, 2001.
Museu Histórico Nacional. Acerco de Numismática. Acesso em: 3 nov. 2013.
SCHROEDER, Cláudio. A Primeira Moeda com o Nome Brasil. Clube Filatélico e numismático de Taquara/RS. Acesso em: 5 nov. 2013
SILVA, Leonardo Dantas. Para Entender o Brasil holandês. Revista Continente Documento. Recife: Companhia Editora de Pernambuco, Ano I, n. 1, 2002.
SILVA, Leonardo Dantas. Maurício de Nassau e os Livros. Acesso em: 3 nov. 2013
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