COMO COLECIONAR PATACÕES? – Saiba o que fazer e como iniciar sua coleção.

 

Colecionar ou estudar os temas relacionados a numismática e não falar nos famosos patacões é um verdadeiro sacrilégio numismático. Tratam-se de moedas icônicas da numária nacional. Se você ainda está iniciando sua coleção de patacões, este artigo irá lhe ajudar.  

A primeira questão será a etimologia da palavra “patacão” e um pouco de sua história. Estas eram as moedas com valor facial estipulado em 960 Réis e geralmente cunhadas sobre outras moedas (moeda base), sendo portanto denominadas recunhos, em sua maioria os recunhos eram feitos sob moedas de 8 Reales das colônias espanholas na América, porém são conhecidos exemplares recunhados sobre moedas Napoleônicas, Austríacas e Americanas, além de moedas das recém criadas repúblicas latino-americanas. Sua denominação popular de patacão deriva do termo pataca, comumente usado em moedas Portuguesas de 320 Réis, sendo, portanto, o Patacão referente ao valor de 3 patacas.

No Brasil, o patacão era uma moeda de prata de 960 réis (3 patacas), pesando 27,07 gramas com pureza de 896 a 903 partes por mil (prata), foram criadas em 20 de novembro de 1809 e foram cunhadas de 1810 a 1834 (em 1809 foram cunhados apenas ensaios), nas casas da moeda de Rio de Janeiro, Bahia e Minas Gerais[1], sendo uma moeda antecessora da decimalização ocorrida no Século XIX.

CURIOSIDADES - Os patacões surgiram principalmente para atender as necessidades financeiras da corte portuguesa, transferida para o Brasil em 1808 devido à proximidade da invasão de Portugal pelas tropas Napoleônicas. Já Em Portugal foi uma moeda de cobre de 10 réis, de D. João II.

COMO COLECIONAR PATACÕES – A coleção de patacões é considerada um clássico da numismática brasileira, considerada por muitos uma das categorias mais especiais do colecionismo e estudo de moedas. No catálogo BENTES são citadas as três formas de colecionismo tendo o patacão como foco. Vejamos os tipos de coleção:

COLEÇÃO POR TIPO (BENTES) – Leva em consideração somente o período e a Casa onde a moeda foi cunhada, procurando sempre adquirir exemplares no melhor estado de conservação possível. Por ser a forma mais simples de colecionismo e por não exigir conhecimentos profundos sobre o assunto, e a forma mais indicada para quem está iniciando. Sendo assim, uma coleção de 960 Réis por tipo deve conter os seguintes exemplares.

- Carimbo de Minas,

- Colônia com a letra “R”,

- Colônia com a letra “B”,

- Colônia com a letra ”M”,

- Reino Unido com a letra “R”,

- Reino Unido com a letra “B”,

- Império (D. Pedro I) com a letra “R”,

- Império (D. Pedro I) com a letra “B”,

- Império (D. Pedro II) com a letra “R”

- Patacão da chamada “série especial”.

COLEÇÃO POR DATAS (BENTES) – É o tipo de colecionismo mais comum entre os numismatas. Os poucos catálogos brasileiros, em sua maioria, apresentam as moedas dispostas, inicialmente pelo metal em que foram confeccionadas (ouro, prata, cobre e etc) e a partir daí, são ordenadas de acordo com as datas e em cada data, vez por outra, são apresentadas as variantes clássicas. Esta forma de colecionismo requer um investimento consideravelmente maior que aquele dispensado à coleção por tipos, sem contar que algumas datas são consideradas raríssimas ou mesmo peças únicas, o que praticamente impossibilita o “fechamento” de uma coleção completa de moedas de 960 Réis (por datas).

É indicada aos colecionadores que já possuem uma coleção por tipos com muitas peças, e consequentemente já adquiriram experiência e conhecimento suficientes para se dedicarem a esta forma de colecionismo.

COLEÇÃO POR VARIANTES (BENTES) – Como o processo de cunhagem era mecânico, exigindo constantes trocas dos cunhos de anverso e reverso, devido a empastamento (desgaste) ou até pela rachadura e quebra dos mesmos, diversas matrizes de uma mesma data eram feitas. Como os cunhos eram abertos à mão, era praticamente impossível que um cunho fosse igual ao outro. Alguns pesquisadores como Lupércio Gonçalves Ferreira (no seu Catálogo das Variantes dos Patacões da Casa da Moeda do Rio de Janeiro) e Renato Berbert de Castro (no seu Catálogo das Variantes dos Patacões da Casa da Moeda da Bahia), já relacionaram e cadastraram, com base na observação de um grande número de exemplares, uma grande quantidade de variantes. Porém, esse número não pode ser considerado definitivo uma vez que, volta e meia, surge uma nova variante devido à combinação de um determinado cunho de anverso com outro de reverso, ou mesmo devido a um cunho novo (o que é mais raro). Esse tipo de colecionismo requer alguns conhecimentos básicos dos elementos que constituem os cunhos de anverso e reverso de um patacão tais como a perolagem da coroa e as partes da esfera armilar. Além dos catálogos especializados citados acima, boas lentes ou uma lupa estereoscópica, são recomendadas.

POR DETERMINADA BASE (DINIZ) - Esta visão de colecionismo não é citada por BENTES em seu catálogo, mas complementada por Bruno Diniz nesse artigo, uma vez que, essa forma de colecionismo tem sido muito percebida mesmo sendo tão peculiar, onde alguns colecionam os patacões focando em determinadas moedas utilizadas como base para o recunho dos patacões. Já existem belas coleções focadas somente em moeda de 8 Soles Argentinos recunhadas para 960 Réis. Em nossa opinião uma das coleções mais difíceis, mas muito prazerosa.

POR BASE RARA (SNB) - Se você deseja colecionar patacões com foco em moeda base rara prepare-se para um caminho de extrema pesquisa e valores quase ilimitados. Este nicho incomum do colecionismo de patacões citado por LEVY, compreende moedas base incomuns que eque por algum motivo foram colocadas entre as peças que seriam recunhadas nas Casas da Moeda do Brasil, pois não são vistas em quantidade suficiente que nos faça crer que sua recunhagem fosse costumeira. São consideradas bases muito raras. Vale lembrar que algumas dessas peças são encontradas em grande quantidade no mercado numismático, mas o que as tornam raras são os recunhos dos 960 Réis. Veja as peças em questão:

México: 8 reales de Chihuahua, 8 reales com carimbos MVA e LCV;

Peru: 8 reales Fernando VII sobre 8 reales Peru libre (recunho sobre recunho!), 8 reales Peru Libre com Carimbo de 1824;

Inglaterra: 1 coroa 1696, 8 reales com carimbos octogonal e oval, 5 shillings 1804, 8 reales com carimbo GR, 2 rúpias de Madras, 8 reales com carimbos locais;

Espanha: 5 pesetas Tarragona, 1 duro Gerona, 5 pesetas Barcelona, 30 sous Palma de Mallorca;

Estados Unidos: 1 dólar;

França: 1 ecu Luís XV, Luís XVI e Luís XVIII, 5 francos Napoleão (Primeiro Cônsul e Imperador);

Itália: 1 tallero Toscana, 5 liras Reinado de Napoleão;

Áustria: 1 thaler Maria Theresa;

Holanda: 1 ducado;

Bélgica: 1 patagon de Brabante;

Brasil: 8 reales com Carimbo de Minas;

China: 8 reales com carimbos chineses.

DICAS IMPORTANTES - Sempre procure por bons comerciantes, pois você estará entrando em um nicho em que infelizmente as falsificações chinesas tem atuado de forma muito agressiva. Algumas peças podem enganar até mesmo colecionadores experientes. 

Procure adquirir suas peças em plataformas como a Collectgram ou o site collecione.com. e sempre busque por referencias, evitando valores muito abaixo do mercado feitos por anunciantes de redes sociais como o facebook.

Em caso de dúvida, peça ajuda!  


Banner de parceria entre Diniz Numismática e Collectgram

Referências

 AMATO, Claudio - NEVES, Irlei S. - RUSSO, Arnaldo, Livro das moedas do Brasil, 11a.ed., São Paulo, s/e, 2004, p.106.

PIERRY, Plínio. 960 réis - A moeda mais incrível do Brasil, Collectgram Blog: Artigos sobre numismática, Filatelia e Notafilia.

 BENTES. 2014.

LEVY, David André - Boletim nº 54 da Sociedade Numismática Brasileira, I Congresso Latino Americano de Numismática, 2003.


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