MACUTAS CUNHADAS NO BRASIL – Uma parte da história que querem esconder.



Macuta é um substantivo feminino de acordo com a língua portuguesa, e o seu significado de acordo com o dicionário é; “antiga moeda de cobre portuguesa, que circulou em Angola, com diferentes valores”. Embora o dicionário nos ofereça essa breve definição, como numismata sou um pouco mais curioso e sempre quero saber mais. Esse “saber mais” me leva ao encontro da etimologia da palavra Macuta. De acordo com minhas pesquisas, a palavra vem da língua Quimbundu ou Kimbundu, sendo assim, a palavra original é "mukuta".


Mas o que significa “mukuta”? Em minhas pesquisas pude perceber que se trata da denominação dada para moeda de cobre de 30 réis e nada além disso é destacado. Meus estudos foram profundos e o melhor conteúdo foi encontrado na publicação “PORTUGUEZ – KIMBUNDU de J. Pereira do Nascimento, Médico da Armada Real e explorador naturalista, impresso pela TYPOGRAPHIA DA MISSÃO em 1903”.


Depois de muito procurar por melhores definições para a palavra “macuta”, tive que sossegar por um momento e de fato focar naquilo que quero passar aos leitores além da etimologia da palavra.


Quero jogar luz sobre o século XVI, onde diversas moedas de Réis foram usadas no Brasil por meio da autoridade real portuguesa. Essas moedas eram fabricadas em prata, cobre e ouro e geralmente possuíam imagens dos governantes reais e as armas do regime a que o Brasil estava submetido.


Os réis eram moedas bem variadas e o seu valor dependia do metal utilizado para a cunhagem. Essas moedas eram muito populares entre os colonizadores portugueses e eram largamente usadas como forma de pagamento nas colônias estabelecidas por Portugal.


A história dessas moedas coloniais possui um capítulo quase esquecido pela história e que diretamente envolve o Brasil, por isso minha introdução sobre os réis. Só que antes do Brasil entrar de fato nessa história, precisamos navegar até o continente africano seguindo até a Angola. Lá, por volta de 1482 a 1486, o território foi descoberto por Diogo Cão, este, chegou à foz do rio Congo com sua frota sendo assim, o primeiro contato português com os ancestrais dos atuais angolanos. Em Angola foi constituído o território ultramarino português mais extenso depois do Brasil. Naturalmente que os propósitos da descoberta, povoamento e exploração eram essencialmente a possibilidade de poder tirar partido comercial do território.


Com o passar dos anos os portugueses diversificavam suas atividades e infelizmente foram personagens fortemente associados ao comércio de escravos. Eles desenvolveram o território ao seu modo, separando seus setores coloniais da maioria da sociedade angolana nativa. Os colonizadores dedicaram-se ao tráfico negreiro em boa parte da história, mas após abolição, passaram a dedicar-se à exportação de borracha, diamantes, café e recursos.


Mas antes da abolição os portugueses já tinham a necessidade de não mais utilizar o escambo ou as moedas de réis oficiais portuguesas. Então, em 1814 chegaram as primeiras moedas cunhadas para a Angola. Era preciso um padrão monetário próprio para que Portugal pudesse fiscalizar sua colônia e gerir o estado colonial com maior eficiência.


O Brasil, através da Casa da Moeda do Rio de Janeiro, cunhou em 1814 as primeiras moedas que seriam conhecidas por nós como "MACUTAS". Estas, moedas coloniais portuguesas pertenciam ao período de D. João Príncipe Regente (1799-1816), e não tinha letra monetária. Elas foram primeiramente produzidas no Brasil, mas com o passar dos anos também foram produzidas em Angola. Durante a Regência de D. João (1799 a 1816) o Brasil produziu moedas para circulação em Angola, Moçambique e São Tomé & Príncipe, mais precisamente a partir do ano de 1814.




Os portugueses exploraram grande parte dos recursos angolanos dando aos seus habitantes apenas o trabalho forçado, mesmo após a abolição da escravatura em 1878. O período colonial português em Angola durou cerca de 500 anos. O país era muito grande e poucos colonos ousaram se mudar para lá, há dados que por volta de 1845 apenas 2.000 portugueses viviam em Angola.


A influencia portuguesa em Angola foi tão sofrida quanto no Brasil, mas os efeitos por lá duram até hoje.



NEM TODAS AS MACUTAS FORAM CUNHADAS NO BRASIL





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