A CASA DA MOEDA PAULISTA DE 1932 - As curiosas histórias da revolução constitucionalista.

Eu estava reorganizando meu acervo de cédulas, quando ao passar por uma delas recordei de um detalhe muito interessante e que gostaria muito de dividir com todos os colecionadores e entusiastas da notafilia brasileira. Na cédula que ilustra nosso artigo, podemos notar a nomenclatura da empresa ou casa impressora da cédula como “Melhoramentos”, Eu já sabia que se tratava da editora famosa nos dias de hoje por inúmeras obras pulicadas, mas parei para pensar e percebi que muitos outros colecionadores e leitores podem não fazer ideia que uma simples editora quase se tornou a “Casa da moeda de São Paulo” imagine só! Mas o certo é que a editora deixou sua marca no cenário notafilico nacional.

Vamos conhecer um pouco sobre essa história curiosa e impressionante, pois tudo começa na primeira metade do século XX... O Estado de São Paulo vivenciou um acelerado processo de industrialização e enriquecimento devido aos lucros da lavoura de café e à articulação da política do café com leite. Por essa política, criada pelo presidente da república Campos Sales, se alternavam na presidência da República políticos dos estados de São Paulo e de Minas Gerais , os estados mais ricos e populosos da União.

No início de 1929, o governo de Washington Luís, ao nomear o paulista Júlio Prestes, apoiado por 17 estados, preteriu a vez de Minas Gerais no jogo da sucessão presidencial, rompendo a "política do café-com-leite", que vinha sendo aplicada desde o governo de Afonso Pena (1906-1909) que substituiu o paulista Rodrigues Alves na presidência da República. De acordo com este revezamento Minas Gerais - São Paulo na presidência da república, o candidato oficial, em 1930, deveria ser um mineiro, que poderia ser o presidente de Minas Gerais Antônio Carlos Ribeiro de Andrada ou o vice-presidente da república Fernando de Melo Viana ou ainda o ex-presidente Artur Bernardes, entre outros próceres políticos mineiros. Porém, Washington Luís, depois de consultar os 20 presidentes de estado, em julho de 1929, recebeu o apoio de 17 deles a Júlio Prestes, e o indicou como candidato oficial à presidência da república nas eleições marcadas para 1 de março de 1930. Minas Gerais, então, rompeu com São Paulo, uniu-se à bancada gaúcha no Congresso Nacional e prometeu apoio a Getúlio Vargas, se este concorresse à presidência 
Em setembro de 1929, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba formaram a "Aliança Liberal" lançando Getúlio Vargas à presidência e João Pessoa, da Paraíba, à vice-presidência. Apoiavam Getúlio também o Partido Democrático de São Paulo, parte das classes médias urbanas e os tenentes, que defendiam reformas sociais e econômicas para o país. Os outros 17 estados da época apoiaram Júlio Prestes. Nesse momento, setembro de 1929, já era percebido, em São Paulo, que a Aliança Liberal e uma eventual revolução visavam especificamente São Paulo. Nos debates, na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, em 1929, se dizia abertamente que se a Aliança Liberal não ganhasse a eleição haveria revolução. Como de fato aconteceu! Em meados de 1931 começa a mobilização da empresa Melhoramentos para iniciar a produção de uma série de cédulas que viria a ser o dinheiro paulista, a mesma empresa que imprime e distribui o dicionário Michaelis e que também tem Ziraldo hoje como um de seus maiores destaques. foi quem produziu o dinheiro revolucionário paulista, servindo como uma espécie de casa da moeda paulistana durante a revolução. São Paulo já se organizava como país e acreditando no sucesso da empreitada criou sua moeda própria, mas não contavam com a astúcia dos opositores a revolução chamados de "ditadores" pelos paulistas. O regime oposicionista falsificava e distribuída na capital paulista grandes quantidades de dinheiro desestabilizando a economia do estado. O dinheiro paulista era lastreado pelo ouro arrecadado pela campanha do "Ouro para o bem de São Paulo", também chamada de "Ouro para a vitória". Em que a população elitista e os grandes empresários eram os voluntários financiadores do movimento revolucionário, mas o ouro e os meios de financiamento da revolução por meio dos empresários estava chegando ao fim!
No dia 2 de outubro de 1932 acontecia o último confronto da Revolução Constitucionalista, em São Paulo. O movimento, que teve início no dia 9 de julho de 1932 e também ficou conhecido como Revolução de 32 ou Guerra Paulista. O saldo após a rendição dos paulistas, no dia 4 de outubro de 1932, foi a morte de 934 pessoas, de acordo com os números oficiais. Contudo, estima-se que até 2200 pessoas tenham morrido. Por conta dessa revolução, o dia 9 de julho é feriado no estado de São Paulo.


A Revolução de 32 também teve os seus heróis, no caso, Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo, conhecidos pela sigla “MMDC”, e que tiveram seus nomes inscritos no Livro dos Heróis da Pátria.









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