CADMO FAUSTO, O ARTISTA DOS CRUZEIROS (1ª parte) - Surge um grande talento.

 


Cadmo Fausto de Sousa ou simplesmente Cadmo Fausto, nasceu e viveu no Rio de Janeiro, de 1901 a 1983. Foi pintor, desenhista e professor brasileiro. Estudou na Escola Nacional de Belas Artes onde teve como professores grandes nomes como Rodolfo Amoedo, Rodolfo Chambelland e Lucílio de Albuquerque. Em 1930, concorrendo ao Salão Nacional, fez por merecer o cobiçado prêmio de viagem ao estrangeiro. Assim, pode seguir para a França no ano seguinte onde, em Paris, frequentou a Académie de la Grande Chaumière.

Ficou conhecido no meio numismático por suas obras clássicas sobre episódios da história do Brasil. Entre elas, estão "Proclamação da República", "Abertura dos Portos", "Lei Áurea" e "Cultura Nacional". Todas foram usadas pela Caixa de Amortização para ilustrar os reversos de cédulas do cruzeiro emitidas entre 1943 e 1967. Seu trabalho foi ainda mais além, decorando, com grandes painéis, o Aeroporto Santos Dumont no Rio de Janeiro.

 


Noticia a exposição da tela "Chegada de D.João VI à Bahia", de Portinari, no Automóvel Club do Brasil, criticando-a em detalhes. O Artigo também questiona "por que sempre Portinari é o escolhido para as grandes decorações murais?". O  autor ainda sugere, na "pintura documentativa", o nome de Cadmo Fausto, citando obra no Aeroporto Santos Dumond e informando que seu nome será proposto para executar os murais que o Brasil ofereceria às Nações Unidas.

Detalhes do artigo

Título: Acha-se em exposição no salão nobre do Automóvel Club do Brasil.

Data de criação: 1952-11-22

Local: Rio de Janeiro RJ

Tipo: Artigo de Periódico

Tipo de Periódico: jornal

Periódico: Jornal do Brasil

Número: 9534

Coluna: Artes Plásticas

Autor: Alice Linhares


Cadmo Fausto foi agraciado com os seguintes prêmios e condecorações;

1927 – Medalha de prata no Salão Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro.

1930 – “Viagem ao estrangeiro” no mesmo certame, que o levou a frequentar a Académie de La Grande Chaumičre, em Paris.

1934 – “Viagem ao país”, no Salão Nacional de Belas Artes.

1955 – Medalha de ouro, no Salão Nacional de Belas Artes.

Principais obras;

1943 – 1967 Obras clássicas sobre episódios da história do Brasil. Entre elas, estão "Proclamação da República", "Abertura dos Portos", "Lei Áurea" e "Cultura Nacional" utilizadas pela Caixa de Amortização para ilustrar os reversos de cédulas do cruzeiro.

1951 – Concluiu os dois painéis de alegoria sobre a história da aviação, executados no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro.

Autor de obras expostas no Palácio do Planalto, Brasília; no Palácio do Governo do Rio Grande do Sul, Porto Alegre; e no Museu da República, Rio de Janeiro.

Como mestre;

Lecionou no Instituto de Belas Artes e na Escola Fluminense de Belas Artes, no Rio de Janeiro.

COMO AS OBRAS DE CADMO FAUSTO FORAM PARAR NAS CÉDULAS DE CRUZEIRO – Ao pesquisarmos algumas fontes, notamos duas reportagens veiculadas em dois jornais da época. Como as reportagens eram exatamente idênticas, mesmo em jornais diferentes, iremos reproduzir a parte do texto que mais nos interessa, trazendo a informação que tratava da escolha das alegorias.

O CONCURSO – Este, contou com a participação de trinta e sete artistas. Os autores dos desenhos classificados foram;

“Cr$ 10 – Unidade Nacional – Primeiro lugar, o da American Bank Note Company; segundo, o de Luís Bartolomeu Pais Leme; terceiro, o de Porciúncula de Morais.

Cr$ 20 – Proclamação da República – Não houve projeto classificado. Depois usou-se o desenho de Cadmo Fausto de Sousa.

Cr$ 50 – Lei Áurea – Primeiro lugar, o de Cadmo Fausto de Sousa; segundo o de Oswaldo Pereira da Silva; terceiro, não houve projeto classificado.

Cr$ 100 – Cultura Nacional – Primeiro lugar, o de Cadmo Fausto de Sousa; segundo, o da American Bank Note Company; terceiro, o da American Bank Note Company.

Cr$ 500 – Abertura dos Portos – Primeiro lugar, o de Cadmo Fausto de Sousa; segundo, o de Valdir Leal da Costa; terceiro, não houve classificado.”

A BANCA JULGADORA – Infelizmente não conseguimos identificar os membros da Junta Administrativa da Caixa de Amortização que formaram a Banca Julgadora, mas conseguimos ao menos oferecer outros nomes importantes no processo de escolha. O diretor da Escola Nacional de Belas-Artes era Augusto Bracet, professor de pintura da mesma instituição foi um deles. O diretor da Casa da Moeda em exercício não era mais Mansueto Bernardi que havia produzido os estudos para substituição do padrão Mil-réis anos antes. Quem agora ocupava o cargo era Josué Serôa da Mota, também participante da Banca Julgadora. Quanto aos professores citados no início deste artigo, temos um dos mestres de Cadmo Fausto, Rodolfo Chamberlland (foi professor de Fausto) e Raul Lessa Saldanha da Gama. O primeiro lecionava a cadeira de Desenho de Modelo Vivo na Escola Nacional de Belas Artes, e também era pintor, já o segundo possuía uma formação distinta, pois era arquiteto engenheiro e trabalhava no departamento de arquitetura da instituição. Assim foi formada a banca julgadora do concurso para as cédulas de cruzeiro que circulariam a partir de 1943.

AO LONGO DOS ANOS - Alguns pesquisadores se dedicaram aos estudos relativos ao nosso tema, mas com um viés mais histórico. Nossa intenção é mostrar o mesmo relato histórico com o foco voltado para a numismática/notafilia.

Nosso artigo não fica por aqui. Para que possamos lhe oferecer uma leitura mais completa e menos cansativa, dividimos nosso texto em uma pequena série de artigos que irão abordar o trabalho de Cadmo Fausto. Não perca!

LEGENDA PARA IMAGEM QUE ILUSTRA A POSTAGEM - Desenho selecionado para a cédula de Cr$20, divulgado na Gazeta de Notícias edição 200, 26 de agosto de 1943.

A 2ª PARTE JÁ ESTÁ DISPONÍVEL - CADMO FAUSTO, O ARTISTA DOS CRUZEIROS (2ª parte) – "Cultura Nacional" A música escondida na cédula de 100 Cruzeiros.

Fontes

LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. p. 96, Artlivre, Rio de Janeiro, 1988.

PONTUAL, Roberto. Dicionário das artes plásticas no Brasil. Civilização Brasileira, 1969.

GAZETA DE NOTÍCIAS, edição 200, 26 de agosto de 1943.

JORNAL DO BRASIL, edição 9.534, 22 de novembro de 1952


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